Nesta quinta-feira, 5 de junho, o mundo celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, data instituída pela ONU em 1972 com o objetivo de sensibilizar a sociedade para os desafios ambientais. Em Concórdia, a data é mais do que simbólica: ela representa uma oportunidade para pensar globalmente e agir localmente. A Reportagem da Rádio Rural conversou com o Professor e Doutor Jairo Marchesan, referência em educação ambiental na região, que trouxe reflexões contundentes sobre a importância dessa data e os desafios ambientais enfrentados hoje.
Segundo Marchesan, a crise ambiental é reflexo de um modelo de sociedade baseado no extrativismo, consumismo e no descarte. “Retiramos da natureza mais do que ela pode oferecer. Vivemos crises ambientais, econômicas, sociais e de saúde. É uma crise civilizatória”, pontua.“O Dia do Meio Ambiente é uma oportunidade para refletir profundamente sobre nossa condição humana atual. Devemos repensar não apenas nossa relação com a natureza, mas também entre nós, humanos. Por que tantos conflitos, tanta intolerância?”, questiona o professor.
Desafios locais, impactos globais
Concórdia, assim como tantas outras cidades, enfrenta desafios ambientais que não são isolados. Entre os principais problemas estão o crescimento urbano desordenado, a destruição de biomas para monoculturas, o uso excessivo de agrotóxicos, a poluição de solos e águas e a falta de saneamento básico em alguns pontos.
Além disso, Marchesan destaca que uma das causas estruturais dos problemas ambientais está na forma como a sociedade é organizada: “Ainda seguimos uma lógica antropocêntrica e colonial, na qual o ser humano se coloca no centro de tudo e consome sem medir consequências.”“Cidades cresceram sobre rios, há ausência de tratamento adequado dos resíduos e da água. Isso favorece a proliferação de doenças, pragas urbanas e vírus cada vez mais resistentes, como vimos na pandemia da Covid-19”, alerta o professor.
Reflorestamento e nascentes
Em relação a iniciativas locais, o professor cita que há projetos importantes em Concórdia voltados à recuperação de nascentes e ao reflorestamento, com apoio de órgãos públicos e instituições parceiras. Algumas áreas que estavam degradadas já apresentam recuperação, tornando-se exemplo de preservação e manejo sustentável. Entretanto, ele afirma que ainda é preciso intensificar essas ações e envolver mais a comunidade.
Educação e ação: os caminhos para a mudança
Para o professor Jairo Marchesan, a educação ambiental é a chave para a mudança. “É preciso aprender a viver com menos. Repensar nossos hábitos de consumo, plantar árvores, separar o lixo, reutilizar a água da chuva, construir hortas e pomares, cuidar das nascentes”, sugere.
Ele lembra ainda dos “5 Rs” como guia prático: Repensar, Rejeitar, Reduzir, Reciclar e Reutilizar. São atitudes que, somadas, fazem a diferença no dia a dia da população.
“A população pode fazer muito. Desde consumir produtos locais até evitar o uso de itens que causam grande impacto ambiental. Cada um tem sua responsabilidade”, reforça.
Uma mensagem para o presente e o futuro
Encerrando a entrevista, o professor faz um apelo: “Não temos mais tempo. A destruição ambiental planetária também é regional e afeta diretamente nossa qualidade de vida. Todos nós precisamos agir, agora. Essa é uma questão de civilidade e sobrevivência.”
A mensagem é clara: o futuro do planeta depende de escolhas conscientes no presente. O Dia Mundial do Meio Ambiente é um marco simbólico, mas a preservação e o cuidado com a natureza devem ser diários, permanentes e coletivos.