Caro amigo leitor, hoje trago um tema que apesar de sensível e por vezes polêmico, precisa ser discutido com franqueza, falo da acessibilidade urbana, refiro-me às normas que determinam adaptações em imóveis residenciais ou comerciais e à adequação dos espaços públicos para garantir acessibilidade e mobilidade. Um direito fundamental, assegurado por lei, que visa proporcionar igualdade de condições a todos os cidadãos. Mas quem circula por Concórdia sabe, convivemos há meses com um cenário de obras intermináveis pelas ruas da cidade, obras necessárias sim, mas com um paradoxo que salta aos olhos, porque enquanto o poder público exige, com rigor, que cidadãos e empreendedores cumpram as normas de acessibilidade, ele próprio não dá o exemplo em suas obras.
Mais grave ainda é que essas intervenções, por serem mal planejadas, acabam transformando espaços públicos em verdadeiros obstáculos para quem depende de condições mínimas. Pessoas com deficiência, idosos, gestantes e pais com carrinhos de bebê enfrentam dificuldades diárias para circular com segurança. Comerciantes, por sua vez, veem o nível da via pública ultrapassar a altura da entrada de seus estabelecimentos, criando degraus indevidos que jamais seriam aceitos caso estivessem previstos em projetos particulares. E o contraste é gritante, pois quando a irregularidade está no projeto de um cidadão ou empresário, a resposta é rápida e inflexível. Alvarás são negados, escrituras são travadas, obras são embargadas, tudo sob o argumento do descumprimento da legislação.
As recentes obras de recapeamento das vias centrais da cidade ilustram bem essa situação. O novo asfalto colocado em altura superior à anterior, criou em alguns pontos, desníveis consideráveis em relação às calçadas. A solução adotada? Elevar também o nível das calçadas, resultando em degraus que dificultam o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Soma-se a isso a instalação de faixas táteis para deficientes visuais colocadas de forma absurdamente desalinhadas, sem qualquer lógica ou padrão técnico. Ah! Mas não é a prefeitura que executa essas obras ela contrata os serviços, sim, mas é obrigação da prefeitura fiscalizar e evitar o desperdício de tempo e dinheiro e não permitir tais aberrações nessas obras.
E veja meu amigo, em diversos bairros é comum encontrar essas faixas orientativas coladas aos muros de residências, o que levanta uma pergunta inevitável: Quem chegou primeiro, o muro ou a faixa? Porém basta observar o desgaste natural das construções para perceber que a calçada é nova. Em alguns pontos, essas faixas se projetam perigosamente próximas de desníveis que representam risco real de acidentes, obrigando o deficiente visual a "treinar equilíbrio" em vez de caminhar com segurança.
Por fim amigo leitor e para não dar uma conotação de radicalidade ao comentário, reitero que não conformidades são realidades em praticamente todas as cidades que tomaram uma proporção de crescimento da população, de veículos e as necessidades se ampliaram, entretanto destaco aqui que acessibilidade não pode ser apenas uma atitude exigida da população, precisa ser compromisso assumido por todos, especialmente por quem tem o dever de planejar e executar obras com foco na inclusão. A cidade que queremos começa pela forma como tratamos quem mais precisa dela, deixando de alimentar vaidades de quem pensa ser supremo.
LAERCIO GRIGOLLO
CONSULTORIA EMPRESARIAL
Mais grave ainda é que essas intervenções, por serem mal planejadas, acabam transformando espaços públicos em verdadeiros obstáculos para quem depende de condições mínimas. Pessoas com deficiência, idosos, gestantes e pais com carrinhos de bebê enfrentam dificuldades diárias para circular com segurança. Comerciantes, por sua vez, veem o nível da via pública ultrapassar a altura da entrada de seus estabelecimentos, criando degraus indevidos que jamais seriam aceitos caso estivessem previstos em projetos particulares. E o contraste é gritante, pois quando a irregularidade está no projeto de um cidadão ou empresário, a resposta é rápida e inflexível. Alvarás são negados, escrituras são travadas, obras são embargadas, tudo sob o argumento do descumprimento da legislação.
As recentes obras de recapeamento das vias centrais da cidade ilustram bem essa situação. O novo asfalto colocado em altura superior à anterior, criou em alguns pontos, desníveis consideráveis em relação às calçadas. A solução adotada? Elevar também o nível das calçadas, resultando em degraus que dificultam o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Soma-se a isso a instalação de faixas táteis para deficientes visuais colocadas de forma absurdamente desalinhadas, sem qualquer lógica ou padrão técnico. Ah! Mas não é a prefeitura que executa essas obras ela contrata os serviços, sim, mas é obrigação da prefeitura fiscalizar e evitar o desperdício de tempo e dinheiro e não permitir tais aberrações nessas obras.
E veja meu amigo, em diversos bairros é comum encontrar essas faixas orientativas coladas aos muros de residências, o que levanta uma pergunta inevitável: Quem chegou primeiro, o muro ou a faixa? Porém basta observar o desgaste natural das construções para perceber que a calçada é nova. Em alguns pontos, essas faixas se projetam perigosamente próximas de desníveis que representam risco real de acidentes, obrigando o deficiente visual a "treinar equilíbrio" em vez de caminhar com segurança.
Por fim amigo leitor e para não dar uma conotação de radicalidade ao comentário, reitero que não conformidades são realidades em praticamente todas as cidades que tomaram uma proporção de crescimento da população, de veículos e as necessidades se ampliaram, entretanto destaco aqui que acessibilidade não pode ser apenas uma atitude exigida da população, precisa ser compromisso assumido por todos, especialmente por quem tem o dever de planejar e executar obras com foco na inclusão. A cidade que queremos começa pela forma como tratamos quem mais precisa dela, deixando de alimentar vaidades de quem pensa ser supremo.
LAERCIO GRIGOLLO
CONSULTORIA EMPRESARIAL