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CORTINA DE FUMAÇA


Assim como alguns tapetes, o pano de fundo serve para a política nos bastidores.

Por Rafael Martini
30/08/2025 às 05h00 | Atualizada em 31/08/2025 - 09h25
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Assim como alguns tapetes, onde se varre a sujeira pra de baixo, o pano de fundo serve para a política nos bastidores e o jogo por trás da cena.

Na política, nada é por acaso! Quando um assunto polêmico ameaça incomodar, logo surge uma pauta barulhenta para ocupar o centro do palco. O amigo leitor conhece bem essa prática onde sempre há um pano de fundo cuidadosamente estendido para distrair a atenção coletiva. Prática política milenar, começou com o governo romano que distribuía pão e organizava espetáculos públicos como lutas de gladiadores numa arena ou circo, para manter a população entretida e satisfeita.  A política de "pão e circo" buscava desviar a atenção da população das questões sociais e políticas, controlando-a através do entretenimento e da satisfação de necessidades básicas. 

Pouca coisa mudou ao longo desse tempo, só a maneira de agir, hoje, enquanto manchetes e discursos inflamados ocupam o primeiro plano na mídia e na plenária, os temas mais incômodos e polêmicos são empurrados para a sombra. Essa prática não é casual, mas uma estratégia calculada para criar narrativas que façam a população acreditar que está debatendo o essencial, quando na verdade está apenas olhando para a cortina, sem perceber o que acontece atrás dela.

O jogo é simples, transformar temas dispensáveis, mas de interesse próprio em prioridade e relegar o essencial a um segundo plano. Questões graves como corrupção, má gestão de recursos, falhas em políticas públicas e privilégios de uma elite política são deixadas como um pano de fundo invisível, enquanto discussões superficiais muitas vezes fabricadas, ocupam os palcos das redes sociais e do parlamento. O resultado é um povo condicionado a reagir às distrações e incapaz de cobrar com força aquilo que realmente afeta sua vida.

Esse mecanismo se repete porque cumpre sua função. O pano de fundo existe para acomodar a sujeira política que não pode ser mostrada de frente, mas também não pode ser resolvida. O povo, ao aceitar o enredo imposto, participa da farsa, discute o irrelevante, polariza-se em torno de bandeiras artificiais e se esquece de cobrar soluções para problemas estruturais. É a política transformada em teatro, onde o roteiro serve mais para manter plateias entretidas do que para mudar o cenário real.

Enquanto isso, o país continua estagnado, com crises que nunca chegam ao palco principal. O que deveria ser pauta central é relegado ao pano de fundo, invisível e silenciado por uma cortina de fumaça. Cabe à sociedade rasgar essa cortina de conveniência e recusar-se a ser distraída por enredos vazios. Sem isso, continuaremos a viver presos a uma encenação onde todos sabem que existe algo escondido, mas fingem que não enxergam.
 


Fonte: LAERCIO GRIGOLLO - CONSULTORIA EMPRESARIAL




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