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Justiça

Acusação e defesa apresentam versões opostas no júri de Claudia Tavares


Promotoria sustenta crime premeditado; defesa insiste em legítima defesa e promete analisar recursos

Por Rafael Martini
29/08/2025 às 21h13 | Atualizada em 31/08/2025 - 09h29
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O julgamento de Claudia Tavares, condenada a 20 anos e 24 dias de prisão pelo assassinato e ocultação do corpo do marido, Valdemir Hoeckler, 52 anos, chegou ao fim na noite desta sexta-feira (29), na Câmara de Vereadores de Capinzal. O júri popular durou dois dias intensos e foi marcado por fortes embates entre acusação e defesa, que apresentaram versões completamente divergentes sobre o crime ocorrido em novembro de 2022, no interior de Lacerdópolis.

Após o resultado, o repórter Lucas Villiger conversou com o promotor de justiça Rafael Baltazar Gomes dos Santos, responsável pela acusação no caso. Segundo ele, o júri foi desafiador, mas o Ministério Público conseguiu demonstrar de forma clara a dinâmica do crime e convencer os jurados:

“Foi um júri de grande complexidade, com duração de dois dias. O Ministério Público apresentou suas provas, a defesa expôs sua versão, e a verdade prevaleceu. A ré foi condenada por asfixiar a vítima. Ela dopou o marido, colocou uma sacola na cabeça, amarrada com um pedaço de borracha, e obstruiu as vias respiratórias com as mãos. Depois, o corpo desfalecido foi colocado em um freezer. Conseguimos comprovar esses fatos no processo”, afirmou o promotor.

Dr Rafael ainda destacou que as alegações de violência doméstica, sustentadas pela defesa, não foram comprovadas:

“Demonstramos que a vítima não praticava atos de violência contra a ré. A versão apresentada inicialmente pela defesa não encontrou respaldo nos autos. Apresentamos aos jurados todas as provas que analisamos, e a sociedade decidiu. A cidade de Capinzal emitiu uma resposta justa a este crime, mostrando que a criminalidade não compensa e que o caminho correto é recorrer às autoridades.”

O promotor ressaltou, ainda, que a decisão do júri representa justiça para a família de Valdemir:

“Saímos com a sensação de dever cumprido, mas também com a tristeza diante de uma história difícil de compreender. A filha do casal esteve presente no júri, uma jovem que também é vítima dessa tragédia. Encerramos este caso com a convicção de que cumprimos nosso papel e de que a sociedade tomou sua decisão.”

Após a fala da acusação, a Rádio Rural também ouviu a defesa de Claudia, que considera que a cliente foi prejudicada pela decisão do júri. O advogado Dr. Mateus Molin , integrante da equipe de defesa, reafirmou a tese de legítima defesa e contestou a conclusão do Conselho de Sentença:

“Desde o início, defendemos que Claudia agiu para preservar a própria vida. Apresentamos evidências de que, na noite anterior, ela foi agredida e, no dia do crime, relatou ter sido estuprada. O uso de medicamentos que induziram a vítima ao sono foi a forma que ela encontrou para se proteger. A morte, segundo nossa tese, foi consequência desse contexto.”

A defesa ainda ressaltou que a decisão de manter o corpo no freezer por alguns dias não descaracteriza o pedido de absolvição, destacando que o caso tem características únicas:

“Pedimos aos jurados que considerassem todo o histórico de agressões e violência doméstica que Claudia enfrentou por mais de 20 anos. Apesar de a tese ter sido rejeitada pelo júri, continuamos firmes em nossa posição de que ela agiu em legítima defesa”, disse o advogado.

O Dr. Mateus informou que a equipe de defesa avaliará o processo e não descarta a possibilidade de recorrer da sentença.

Claudia Tavares foi condenada por homicídio duplamente qualificado — por asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima —, além de ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Ela deverá cumprir a pena em regime fechado.
 




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