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Granizo volta a preocupar a região; La Niña e baixas temperaturas aumentam risco de tempestades severas


Meteorologista explica por que eventos como o de Erechim tendem a se repetir nesta época do ano.

Por Rafael Martini
26/11/2025 às 07h21 | Atualizada em 26/11/2025 - 07h30
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As constantes ocorrências de granizo registradas nas últimas semanas no Oeste e Meio-Oeste voltaram a preocupar produtores rurais e moradores, especialmente após o forte episódio que atingiu o município de Erechim no último domingo. Para entender o fenômeno e suas causas, a reportagem da Rádio Rural conversou com o meteorologista e engenheiro agrônomo Ronaldo Coutinho do Prado, que explicou os fatores que favorecem a formação desse tipo de precipitação.

Segundo Coutinho, o momento do ano é naturalmente favorável à formação de granizo, mas 2025 apresenta condições ainda mais propícias.

“Atualmente, estamos na estação propícia à ocorrência de granizo. Anualmente, observamos variações na intensidade e frequência desses eventos. A influência do fenômeno La Niña, que tem provocado temperaturas mais baixas, favorece a formação de granizo”, explicou.

O meteorologista reforça que qualquer instabilidade que gere nuvens de tempestade pode resultar em pedras de gelo, inclusive de grandes proporções.

“Qualquer instabilidade atmosférica, que promova o desenvolvimento de nuvens de tempestade, pode resultar em precipitação de granizo em diversas localidades, inclusive com pedras de grande tamanho, como foi o caso recente em Erechim”, afirmou.

Fenômeno recorrente e histórico marcado por anos de grande severidade

Coutinho destaca que o granizo é um evento recorrente na região e que oscila em intensidade ao longo dos anos.

“Essa situação não é inédita, nem será a última. As ocorrências variam de um ano para outro. Tivemos anos muito severos, como 1994, quando granizos destrutivos atingiram o Oeste, Meio-Oeste e o Vale do Itajaí. Em 1992 também houve grande número de ocorrências”, relembrou.

Ele relata ainda experiências pessoais vividas durante operações de combate ao granizo.

“Naquela época, enquanto atuava em atividades relacionadas ao combate ao granizo, pude constatar a magnitude do problema”, disse.

Baixas temperaturas ampliam risco neste ano

De acordo com o meteorologista, o cenário de 2025 é marcado por temperaturas mais baixas, condição que aumenta a probabilidade de formação de granizo.

“Neste ano, as baixas temperaturas aumentam a probabilidade. Qualquer nuvem que atinja altitudes superiores a seis, sete ou oito quilômetros pode dar origem ao granizo”, esclarece.

Coutinho destaca que, embora a maior parte das ocorrências envolva pedras pequenas, a intensidade pode ser elevada e, ocasionalmente, resultar em eventos mais destrutivos.

“Na maioria das vezes, as pedras não são de grande tamanho, mas a intensidade pode ser alta. E em certas ocasiões, como ocorreu em Erechim, o tamanho é significativo, causando grandes prejuízos às lavouras e até mesmo às residências”, conclui.

As equipes de Defesa Civil da região seguem monitorando novas instabilidades previstas para os próximos dias, uma vez que o padrão atmosférico atual mantém o alerta para novas formações de tempestades com potencial de granizo.




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